Foto: Gino Pasquato
RENATODELONE
“Uma grande parede pintada na cor salmão… e um pedaço de carvão.”
Essa foi a primeira experiência de Renato DeLone, aos cinco anos de idade, na casa onde nasceu , construída pelo seu avô, desenhando um enorme jacaré com a boca aberta e sendo repreendido pela sua mãe logo em seguida, pois aquela parede havia sido pintada recentemente numa reforma…
Assim ele descobriu que a arte era algo valioso, seguia caminhos tortuosos, era contestável, talvez algo proibido, talvez algo elogiado.
Foi assim que iniciou seu caminho.
Renato de Lima Maransaldi (seu nome de batismo), nascido em 20 de agosto de 1965, em Santos – São Paulo/ Brasil, no início da ditadura militar. Teve a educação básica dentro dos padrões da classe média da época com uma infância rica de liberdade e cheia de inspirações… Passou sua adolescência entre a música, aviões e navios de guerra da Revel e os desenhos nas capas dos cadernos dos amigos, nas folhas soltas brancas, nas aulas de perspectiva e de desenho mecânico, mesmo tendo optado em seguir na medicina.
Coisa que não fez…
“Lone”, apelido que ganhou mais tarde e usou como seu nome artístico, baseado na sua grande admiração pela história da Segunda Guerra Mundial e pelo rock de Elvis, The Beatles e Queen; sempre se dedicou na arte bem finalizada, cheia de detalhes, cheia de histórias ocultas. Sempre desenhando, criando esboços de situações onde a técnica da perspectiva e o crayon dominavam seu estilo. No fim de sua adolescência, iniciou um novo ciclo como um “vocalista de rock”, que lhe trouxe uma grande trajetória com bandas autorais dentro do estilo clássico do rock inglês que tanto lhe influenciou na infância, gerando seu nome artístico como “Lone Dover”, em homenagem às suas inspirações, assim produzindo shows, discos e CDs que fizeram parte da sua história até o meio dos anos 90.
Junto disso, no fim da sua adolescência, teve passagens em escritórios de arquitetura, estamparia, e finalmente uma gráfica, onde as técnicas de arte final “old school” tornaram o artista bem maleável no uso das ferramentas técnicas nas suas criações.
Esse caminho abriu portas para sua arte na propaganda, onde trabalhou como assistente até se tornar diretor de arte numa grande agência de Santos. Com isso veio um novo estilo, onde misturou várias influências e técnicas que resultaram na sua forma de expressão.
Em 1994, no fim de sua trajetória como o cantor de heavy metal, se inscreveu num renomado salão de arte de âmbito nacional, o “XXI Salão de Arte Jovem de Santos CCBEU”, onde deu o start real de sua jornada como um artista visual, ganhando o primeiro lugar com as suas três obras inscritas, concorrendo com mais de 200 artistas de todo o país…
O prêmio lhe abriu portas para mídias e sua ida para New York como premiado lhe trouxe a possibilidade de conhecer novos estilos, novas posturas; que fez com que a sua volta fosse repleta de criações inovadoras em pensamentos e ligações com profissionais que admiraram suas artes.
Em 1998 teve a grande oportunidade de expor no Sesc Santos junto com outros cinco artistas na mostra “6 Artistas”. Essa exposição mostrou ao público um “Lone” inédito, pop, usando muitas cores e minimizando as idéias, onde os novos caminhos eram novas mensagens, a composição com os contrastes que lembravam impressões em silk screen, como inspiração em Andy Warhol.
Essa mostra foi um sucesso e na mesma época participou de outras exposições, representando a cidade em salões como o Mapa Cultural do Estado de São Paulo que levou seu trabalho para o estado do Paraná, assim conhecendo novos espaços e artistas.
O ano de 2000 foi um ponto de mudança radical, onde voltou para o mercado da propaganda. Nessa fase, montou o Conceituall Estúdio de Criação, onde produziu centenas de peças gráficas artísticas para o mercado cultural, de moda e corporativo.
Nesse intervalo, preferiu apenas observar, pesquisar sobre o mercado da arte, suas variações e novas tendências como o grafismo da arte urbana, murais e da arte contemporânea.
Foi no ano de 2014 que essa inspiração veio com a concepção de uma obra denominada “Agosto” que fez com que se libertasse das amarras do estilo que o prendeu durante esses anos, permitindo lhe soltar os traços, as cores, de forma poder mesclar todas as técnicas que admirava e lhe seduzia, assim como o uso da tinta numa nova dimensão, que conheceu com as técnicas de impressão gráfica dos anos 80, assim fez com que o seu estilo renascesse de uma forma vigorosa e definitiva, com o ícone de um pássaro num fio, nas muitas obras que desenvolveu a partir deste movimento.
A oportunidade de fazer uma exposição e uma obra pública na cidade de Santos no ano de 2015 direcionou seus caminhos para as ações artísticas e sociais, com a intenção de promover a educação, reflexão e bem estar através da arte, cultura e desenvolvimento.
Assim, no ano de 2018, alterou definitivamente sua assinatura para “DeLone”, que foi aplicada em inúmeras artes criadas para grandes projetos e obras, quando foi representado por uma galeria de São Paulo para levar suas artes à Spectrum Miami USA em 2019 e na volta, uma grande exposição em SP antes do início da pandemia.
Em outubro de 2020 foi convidado pela Secretaria de Turismo de Santos e o Museu Pelé Santos para conceber e gerenciar a exposição “Pelé 80 Anos”, através da homenagem do aniversário do Rei Pelé, onde sua obra “Hey!” foi exposta em definitivo no acervo do museu junto a artistas renomados como Kobra e outros.
No andamento de tantas criações após o fim da pandemia, DeLone desenvolveu obras de artes corporativas e projetos alinhados aos setores públicos como o Novo Mural do Orquidário Santos , o projeto Criativo DeskArts com crianças e o meio ambiente, assim como o projeto Põe a Mão no Coração para os colégios infantis.
Hoje, pensa na sua arte com o poder de construir pontes sociais que unam pessoas que possam exercer a cidadania com dignidade, respeito aos seres vivos e aos recursos naturais do planeta, numa união de sabedoria e desenvolvimento para se criar os dias melhores.
